sexta-feira, 3 de maio de 2013

Coisas de gente assim só como eu

Acho que posso dizer que fomos adoptados.
 
Há muito que queriamos adotar um canito, andávamos nós pela net a ver, a ver, até um cão com pedigree tivemos debaixo de olho, mas era de porte grande e nós moramos num apartamento (AP- T2), temos um terraço até simpatico mas muito exposto a ventos e chuvas e ao adotar queríamos que tivesse condições para ter ali o canito de preferência de porte pequeno para no inverno ficar dentro de casa mais aconchegado. Nunca foi um objectivo ter um canito de pedigree.
Ora vai daí que como agora virou moda - acho eu - abandonar animais, eu todos os dias quando vou para o trabalho olho para todos os lados para ver os bichos que andam por aí ao Deus dará. E de vez em quando lá vejo um a correr desalmadamente pelas ruas, e penso será que tens dono?
Pois. Até pode ter fugido e andar perdido. Eu não queria levar para casa um animal afeiçoar-me a ele para depois ter de o devolver. Nem queria que o meu pimpolho também passasse por isso. Portanto fui sempre tendo cautela. Depois os bichinhos que apareciam na net ou eram grandes demais, ou um não gostava o outro porque aquele já tem uma idade, ou assim, ou assado. Certo.
Há já uns dias que em frente do meu local de trabalho nos passeios novos (a rua esteve em obras e agora fizeram uns passeios novos largos) se via vestigios de andar cães por ali que enquanto houve obras não haviam. Ontem apareceu o dito canito, andava a rondar á hora do almoço - devia cheirar a comida. Quando o vi foi ao pé de um colega que lhe estava a dar qualquer coisa, e como ao passar pensei que podia estar com fome dei-lhe duas tostas das que costumo levar para o lanche. Comeu-as da minha mão sem mostrar sinais de ser violento, sim eu sei que foi arriscado dá-las assim, mas eu sou assim mesmo, não pensei. Abanou o rabo e mostrou-se meigo. Gostei da atitude apesar de me parecer um canito feio no momento. Ao fim do dia chamei por ele mas ele ou não estava por ali ou não se quis mostrar, vim embora.
Hoje quando cheguei não o vi, pensei cá para mim: "tiveste sorte alguém te levou". No entanto não. À hora do almoço quando estava a chegar ao carro quem estava lá deitado á sombra? Pois, o canito. Fiz-lhe festas mas ele não se levantou, aliás deitou-se mais debaixo do carro. E eu a precisar de saír. Mas quando o tentei atrair com as tostas novamente, ele não veio. E eu a precisar de sair mesmo. Tentei puxá-lo - eu sei podia morder-me - e ele ganiu. Pensei logo: "estás ferido, agora é que vão ser elas para te tirar daí", mas ele lá se mexeu. As tostas não lhe interessaram mas a porta do carro aberta sim, a custo foi-se chegando a tentar entrar, estava ferido, notava-se, nada de muito grave penso eu pois não gania mas mexia-se com alguma dificuldade. Fiquei a olhar para ele e disse-lhe: "Então é isso queres que te leve para minha casa?" Ontém quando lhe dei as tostas pela primeira vez assim de passagem disse-lhe que se ele fosse bonzinho se calhar que o levava para outro lugar, e não é que ele ouviu. Como é que ele sabia que tinha de esperar ali ao pé daquele carro no meio de tantos outros carros de um estacionamento? Estava a seguir o meu cheiro, de certeza. Abri a porta do lado do condutor e sentei-me, olhei para ele e disse-lhe: "vá se consegues subir anda, levo-te a casa." Ele olhou para mim, ficou assim uns momentos com uma pata dentro e o corpo de fora e depois subiu. Não tive receio, não podia ter, ele não me rosnou, não mostrou os dentes, entrou apenas, ficou com as patas na manete das velocidades, e eu disse-lhe que assim não podia seguir viagem ele tinha de se sentar. Então ele sentou-se. Fui ao outro lado, fechei a porta do acompanhante - inesperado- e sentei-me ao volante. Respirei fundo e disse: "vamos lá pequeno". A viagem não é curta mas também não é assim tão longa são uns 20 km ir e vir, e eu já tinha perdido mais de meia hora de almoço. Ao iniciar a viagem o canito que na certeza porém não estava confortavel naquele sitio, decidiu passar para o banco de tras. Vi logo que era bicho habituado a andar de carro porque não pareceu ficar enjoado - e os cães enjoam, eu tive uma cadela que odiava andar de carro e vomitava de stress e enjoos - e eu abri a janela de tras e ele só levantou um pouco a cabeça. No banco de tras tenho o banco do meu pimpolho e um casaco e ele não se sentou em cima de nenhum ficou no meio à espera que lhe arranjasse espaço. tirei como pude o banco do pimpolho e logo ele esticou-se, deitando-se para melhor ir na viagem. E lá veio. Quando cheguei a casa ele não conseguia subir os degraus do rés do chão até ao primeiro andar, olhou mas não se atrevia a subir; olhava para a garagem que era a descer, parecia-lhe mais facil certamante.
Pensei - vou ter de te levar ao colo, mas se estás ferido vais me morder. Peguei nele com cuidado e levei-o ao colo e ele não ganiu, nem me mordeu. Deixei-o no terraço, dei-lhe água fresca e que sede ele tinha.  Apresenteio-o apenas á minha mãe, não gostou dele, assim sujo e feiinho. Humm que cara que ela fez, só visto, de nada adiantou o bicho abanar o rabicho para ela.
Deixei-o, debaixo da mesa do terraço ele conseguia sombra, e o sol estava a virar. Voltei para o trabalho, comi qualquer coisa a correr e fiquei agoniada com medo que a tropa o encontrasse antes de eu poder fazer as apresentações. No fim do dia tinha tantas coisas para fazer mas não consegui, vim direita a casa. Apresentei-o primeiro ao pimpolho, ele gostou, depois começaram os outros a chegar e foram sendo apresentados. Ele foi acarinhado por todos. Agora resta ver como se vai comportar depois de se recompor. Acho que nos adotou.
Assim poupou-nos o trabalho de escolher. Depois posto fotos, prometo. Do antes (sujinho e feiinho) e depois (limpinho e feliz - espero). 
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