terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Coisas tristes este Natal

Este Natal foi triste, mais triste do que os outros Natais e eu já passei por Natais tristes.

Mas uma das coisas mais tristes foi tentar pensar no Natal e ver que hoje esse sentimento morreu, (não morreu contigo) pois já vinha a morrer já há uns anos, algumas pessoas esforçam-se demais para isso e tanto, que este ano o Natal acabou.
E triste foi perceber que o verdadeiro Natal existe mas que tais pessoas não conseguem compreende-lo porque não sabem o que é o Natal e por isso estragam tudo a quem ainda aspira viver o Natal.
Também é triste ver no rosto das pessoas com quem me cruzo no dia a dia a tristeza e amargura numa época que se quer de solidariedade e alegria e saber que tal coisa é tão rara.
 
Mas a coisa mais triste deste Natal, foi por o teu lugar na mesa e perceber que tu não estavas.

Por isso não me peçam para estar feliz, porque não estou.
Não me peçam para sorrir, pois não posso.
Não me peçam para fingir, porque não sou capaz.
 
Tomamos tudo na vida por garantido e nada o é, só quando perdemos o que nos mais faz falta é  sentimos a verdadeira dor.

Estou triste, muito triste, fazes-me falta. ❤  Miss you
❤❤❤

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Pobreza extrema que vai em Portugal

- "Eu tenho fome."- disse a Sra. X
- "Eu passo bem sem comer, dois, três até cinco dias." - dizia o Sr. Y.
- "Eu não posso passar sem comer, parece-me impossível você dizer isso...."- disse a Sra. X.
 
Não fiquei para ouvir o resto da conversa mas eram duas pessoas de meia idade talvez na casa dos 50. Foi na feira, hoje, olhei para os dois não me pareciam mendigos mas tinham o ar de pobreza de quem passa fome. Num tempo em que tanta gente vai a jantares de natal de empresas, e particulares e em que se desperdiça tanta comida, ouvir isto assim deixa qualquer um revoltado. De facto o mundo está mesmo podre. 

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Ainda não estou em mim

Hoje é o sétimo dia sem ti, paizinho. E sim  ainda não estou em mim de verdade. Hoje tive de ir ao cemitério, alguém tinha de ir; fui lavar a pedra mas esforcei-me para não pensar que estás aí. A mãezinha levou a tua foto porque ainda não tens aquela coisa - lapide - feita, mas nem olhei para ela. Limpei tudo como fazia quando era miúda e ia arranjar o jazigo enfeitar a campa dos avós. Coloquei o arranjo que a mãezinha encomendou, ficou bonito mas tu sabes o que eu penso sobre isso das flores, sabes que isso não é o mais  importante para mim. 
Faz hoje oito dias que tu estavas em choque e eu estava em choque por saber que estavas assim. Quando saí do trabalho ia em estado de gelo, de medo e sem pinga de sangue tal como tu. pelo caminho apanhei um acidente pareceu-me uma eternidade o caminho até ao IPO. Mas se calhar se tivesse chegado mais cedo se calhar tinha visto mais do teu sofrimento e talvez não aguentasse tal era o meu estado de dor e de raiva.  E talvez me chateasse mais com as pessoas que encontrei. E ainda vou ter de lá ir mais umas vezes pois vou apresentar queixa sobre a forma como foste indignamente tratado. Ainda me voltei a cruzar com aquele idiota que me insultou nas tuas ultimas horas e que pensa que me vou esquecer de o reportar a sociedade dos médicos por comportamento indigno. Que tipo de pessoa ou pior ainda que tipo de médico é ele que ao ver as ultimas horas de vida de um pessoa não se digna a confortar um parente que vê o sofrimento do seu ente querido mas em vez disso o insulta e manda sair. Sim espero cruzar-me com ele quando tiver um processo por ter sido tão estúpido e que nunca possa fazer isso a mais ninguém. Sim ainda ardo de ódio cá dentro, dói porque penso se poderia ter evitado tudo isto se tivesse seguido o caminho que estava destinado, mas não podemos voltar atrás. Lamento que para o outros nós não valemos nada. Ainda não estou em mim verdadeiramente, para mim é como se tudo isto fosse um sonho e nesse sonho tu só estás no hospital e que estamos à espera que voltes para casa.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Sobre o meu Pai 💔


Quando eu nasci o meu Pai tinha 30 anos. Já tinha sobrevivido à guerra colonial em Angola onde passou 3 anos em confronto e de onde veio sem sequelas físicas mas muitas sequelas psicológicas que foi superando. 
A vida do meu Pai tal como a de muitos não foi uma vida fácil, mas ele fazia-a parecer fácil. Apesar de pobres e remediados fomos vivendo com os sacrifícios que ele e a minha Mãe fizeram para me criar a mim e ao meu irmão. Meu Pai trabalhou numa fabrica de papel, foi metalúrgico onde aprendeu a lidar com o ferro, um pouco da arte que mais tarde abraçou até ao fim da sua vida laboral - serralheiro. Vida essa da qual me orgulho porque foi com pulso, criatividade e muita paciência. Fez muitos trabalhos sem na verdade ter tido um mestre, foi criando à medida que foi aprendendo por si mesmo, nisso somos parecidos somos criativos, intuitivos e perseverantes. 

O meu Pai partiu esta sexta feira dia 1 de Dezembro ás quatro da manhã após um mês de muito sofrimento e ultimo dia de agonia atroz, já não estava consciente mas em choque. Ainda se agarrava ás nossas mãos com toda a força que tinha e nem me pude despedir dele como devia por causa das pessoas que estavam lá no serviço porque o meu pai estava internado no IPO na ala da Onco-hematologia. Sofreu o que o diabo amassou e lá o diabo amassou e ele sofreu, de fome, de sede e de maus tratos, coisa que eu nunca pensei da instituição que é o IPO. 
 



O meu Pai era um homem de uma força interior muito grande, quando descobriu que tinha a Leucemia Mieloide Aguda Cronica não baixou os braços e por isso temos memórias de um ano de meu Pai com Leucemia, um ano em que ainda celebrou os seus 74 anos em casa, ainda foi ao casamento da minha sobrinha e sua neta em França, ainda conheceu a sua primeira bisneta Zoé, foi de passeio sempre que pode sempre na companhia da minha Mãe, um ano em que foram ambos uns lutadores, mas agora acabou. ❤ Partiste.
Confesso que ainda não estou em mim, parece tudo mentira.
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