sábado, 13 de abril de 2013

Ser tratados condignamente

Já todos sabemos que estamos em crise. É claro que a crise monetária que nos afecta a todos é sem duvida menor do que a crise existencial por qual passamos ao longo de toda a nossa vida.
Mas o dinheiro que não tem boca, fala que se farta!
Uns falam porque o têm em demasia, e muitos mais por causa de o não ter.
Além desta falta óbvia de dinheiro, agregada vem a falta de trabalho/emprego.
Porque há que distinguir as duas, trabalho é diferente de emprego. Diz-se. 
Diz-se "trabalho" e pensa-se em pessoas cuja escolaridade é baixa, fala-se de "emprego" e pensa-se em pessoas com a escolaridade toda e ainda licenciatura mestrado. (Isto sou eu a ser sarcastica). 
Na verdade está-se a cometer um grande erro, diriam muitos daqueles que estudaram e se licenciaram. Muitos que se licenciaram, hoje trabalham no que aparece. Caixa de super mercado, empregados de mesa, em lojas de shopping, cozinheiros, nas obras como indeferenciados, nas fabricas...
E agora eu pergunto-me (também tenho um filho, e claro que quero que ele estude, cresça e seja um bom ser humano) que seria do mundo se todos fossemos doutores e não houvesse: padeiro (para o pão que vamos buscar todos os dias à padaria), pasteleiro (para aqueles que não sabem, não tem o dom de fazer todas as coisinhas boas que eles fazem), homens do lixo (para recolher, reciclar, o lixo que todos produzimos diariamente), empregado de mesa (para que quando fossemos jantar fora quem nos servia quase sempre com simpatia mesmo depois de atender tantas pessoas com mau feitio e pressa), cozinheira (que faz todas as comidas nos restaurantes todos os dias sempre igual), trolha (quem repararia a nossa casa ou a ajudava a construir), canalizador (quem resolvia a goteira da torneira, a infiltração causada pela máquina de lavar), electricista (quem repararia a  instalação eléctrica caso queimasse com um raio), pintor (quem pintaria a nossa casa, os nossos carros, os quadros que temos nas paredes), agricultor (quem plantaria todos os alimentos e cuidaria deles até serem adquiridos por todos nós), vendedores (quem traria os bens que estão á nossa disposição nas lojas, super mercados, mercado), pescadores (quem apanharia o peixe que tanto gostamos de comer - eu cá não sei pescar, mas sei arranjar e comer), empregada de limpeza (quem limparia as milhares de casas das pessoas que não têm /e ou dizem que não têm tempo para limpar a casa - a verdade é que não gostam de o fazer e têm dinheiro podendo dar-se ao luxo de pagar muito mal para outras pessoas fazer), vendedor de peixe, talhante, jardineiro, queijeiro, salsicheiro, tripeiro, ...
Você já pensou no monte de profissões que existem para as quais não precisa de ser licenciado? E no monte de coisas que é preciso serem feitas no dia a dia? Todas as profissões são necessárias e para cada uma é preciso alguém que as cumpra, todos nós temos um dom, cada um de nós tem de descobrir qual é o seu. Mas acima de tudo temos é de ser tratado com dignidade.
Não é a profissão, o status da profissão, que nos dá a dignidade. A dignidade bem da forma como somos tratados e tratamos os outros. 
Da proxima vez que você se cruzar com a moça/rapaz caixa do seu supermercado, sorria e trate eles pelo seu nome - quase todos têm uma placa com o nome é para que saibamos quem são; quando for pôr o lixo no reciclador lembre no dia seguinte que não tem bichos (ratos, baratas, formigas) mas sim um caixote limpo porque alguém levou o lixo que você faz, pense e sorria; pense que num mundo só de doutores, advogados, administrativos, engenheiros, como seria das nossas simples vidas?
Precisamos de comer, vestir, calçar, ter um tecto, ter educação, e os nossos pais tem de ter trabalho para nos criar (e manter um estado sanguessuga) e não podem fazer isso tudo ao mesmo tempo, por isso delegamos todas essas coisas a pessoas que têm essas profissões. Acreditamos que todas estas pessoas a quem delegamos essas coisas tão importantes tem o dom para elas e vão cumprir com alegria os seus dons.
No entanto muitas pessoas não aceitam os seus dons, passando a ter objectivos de vida só ligados à ambição vivendo vidas frustadas; muitas vezes mesmo possuindo muito dinheiro. Enquanto outros não conseguem mostrar os seus dons por não terem a tal escolaridade, e vivem vidas mais duras com menos dinheiro mas aceitando o possivel, sempre almejando poder demonstrar do que são capazes.
As vezes há que tentar mostrar os nossos dons, e principalmente deixar os outros mostrar os seus e acreditar neles. 
Estude, aprenda, nunca desista de saber mais e mais, valorize-se e dê valor.
"Saber não ocupa lugar", é costume dizer-se. Todos somos importantes e ninguém é mais do que ninguém, e não é um papel que diz o que você é. 



Cultive, cuide para colher.





   
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...