quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Lamento trazer um post como este mas teve de ser

Morte.




É inevitável. Todos sabemos que ninguém vive para sempre. 
As tragédias tocam-nos, umas mais do que outras, conforme o dia, o momento, as pessoas envolvidas, mas acabam por tocar-nos quer queiramos quer não. 
E se as tragédias forem pessoais mais nos tocam obviamente. Depois, existem certas idades em que quando as tragédias acontecem são mais dolorosas, na infância ou na juventude, na perda de um parente próximo ou de um amigo/a. Na idade maior são expectáveis mas não deixam de ser dolorosas as perdas de amigos, conhecidos, já não falando nos familiares. Não concordo com o proverbio que diz “com o mal dos outros podemos nós bem”, porque na verdade o mal dos outros não beneficiam ninguém. E pagamos tudo o que fazemos. E aquilo que desejamos também. 
O mal dos outros a mim nunca me beneficiou. Pelo contrário podem até prejudicar-nos visto que onde houver algo de errado é impossível acontecer algo certo. 
E porque tudo isto agora? Porque poucas são as pessoas que me faltaram até aqui. Não conheci as minhas duas avós, o meu avô materno foi o único que conheci e com quem convivi, pouco mas convivi. As minhas avós postiças foram senhoras a quem me afeiçoei, que eram vizinhas nossas e que me marcaram pelo melhor sentido. E depois assim directamente nunca havia perdido ninguém que gostasse. Perdi um colega de escola que só soube da sua morte um ano depois e de forma dramática  Tinha andado o ano todo a pensar nele e nunca esquecerei como foi duro ver a sua foto ali no jazigo. Saí a correr com uma dor tão grande na alma. Custou. 
Há dois anos atrás faleceu uma outra colega de infância e de escola, mais nova que eu quase um ano. Outras pessoas fui perdendo por vários motivos mas aquele que me assusta mais é o cancro. 
Minha tia teve cancro, faleceu em consequência dele, várias complicações. 
A minha mãe já teve de tirar um peito. Eu a partir de agora tenho de estar sempre alerta por causa disso. 
Agora aos 40 tenho assistido ao sofrimento de tantas pessoas e à morte de outras pessoas vitimas desse mal o cancro. Duas em tempo bastante curto que nada se podia prever. Vitimas deste mal moderno impiedoso. E tenho medo. Tenho muito medo. O meu pimpolho tem apenas dez anos. Pensamos nos filhos primeiro, nos país depois, nos depois nos outros. Mas se nos bater à porta pensamos em quê? 
Podemos ser fortes pelos outros dar-lhes força e nós como nos vamos sentir? Teremos força para sermos fortes? Teremos outros a dar-nos força? 
Só consigo sentir medo. Medo de não ter força, medo de não ter tempo, medo de não ter uma morte digna, medo. 

A todos que perderam alguém para este impiedoso e cruel mal nas suas variadas formas, um sentido abraço na alma. Que todos os que perderam, que todos os que lutam nos possam ensinar como aguentar a dor. Obrigada pelo que possam partilhar.
  
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