Mais uma sessão que vai ficar na memória de quem participou. Fazer Pão. Mas não foi fazer pão á moderna, não. Foi fazer pão com tradição. Quem nos deu o privilégio de nos ensinar foi a Angélica, uma doçura de pessoa que se vê de imediato que é um poço de saberes.
Eu tive a sorte de conhecer a família dela ainda que ao de leve, sua mãe faleceu recentemente, mas que foi uma simpatia para mim quando andava no 5º ano e precisei de uma mecha de lã de ovelha, lã verdadeira de ovelhas. Numa altura que ainda éramos um Portugal rural mas já poucas pessoas tinham animais. Eu pedi e ela deu, e levei para a aula de ciências para a professora que na altura não tinha lã sem cor no seu livro de amostras.
Bem a Angélica que faz imensas coisas e que é dona de uma simpatia e humor desconcertantes, mostrou a quem não conhecia o ciclo básico do pão, até tivemos direito a cozer o pão num forno a sério existente nas intalações do Rancho S. Salvador.
Foi uma delicia para quem nunca tinha visto nem feito pão. É uma coisa tão básica o Pão Nosso de Cada Dia que tomamos por garantido, mas que nesta maldita crise não o é, e que se calhar muitos não lhe dão o devido valor. Fazer Bom Pão é uma sabedoria preciosa e que nem sempre se sabe como é feito.
A masseira e alguns dos ingredientes e utensílios
Introdução da farinha
Nós a tirar notas
As mãos carinhosas e meigas da Angélica que amassava com uma delicadeza.
A Filomena em acção. ( A Filomena é grande amiga da Angélica mas que a vida temporariamente afastou, esperemos que a sua amizade se renove agora com esta demonstração) Ela até tem jeito.
Quando se enformava o pão habitualmente dizia-se uma oração. Em minha casa e de tias minhas pude assistir ao fabrico do pão para consumo caseiro e sempre se disse uma prece quando se fazia a cruz antes do pão ficar levedo (crescer), aqui a minha mãe que estava presente disse como a minha avó e bisavó lhe ensinaram.
Preparação do forno, ainda sem muita luz (foi á noite).
Colocar do pão formando broas em cima da pá.
Depois pouco mais ficou registado porque após convencermos uma colega a ir buscar manteiga a casa - visto que morava perto - para barrarmos o pão assim que saisse do forno, foi mesmo esse o desfecho que as broas tiveram, portanto ninguém mais teve a capacidade de fotografar e comer ao mesmo tempo como é obvio.
As orações para o amassar e enformar o pão são várias conforme a região mas quando estive dia 8 em Seia no Museu do Pão por coincidência as orações que encontrei são as mesmas que circulam na minha familia. E esta heim? . Como diria o saudoso Fernando Pessa.
Portugal é mesmo pequenino. De Seia até ao Porto, é um pulo de caminho... As fotografias são da Lurdes, menos estas ultimas duas que foram tiradas mesmo no museu do pão em Seia por mim.