Estamos em Dezembro, e dizem que é Natal.
Saímos à rua para ver como é o Natal. Sabem o que eu vi? Tristeza. Desalento. As pessoas estão cada vez mais deprimidas e tristes.
Sempre ouvi dizer por que por esse mundo fora se dizia que o povo português era um povo triste e eu não concordava. Sempre achei que éramos um povo conformado mas feliz, mas não, estamos pior que o fado, pior que no tempo de Salazar.
Eu vejo nos olhos das pessoas um vazio tão grande, uma dor escondida, uma vergonha.
A musica toca mas não há alegria. Mesmo aqueles que andam ás compras parecem zombies. Comprar qualquer coisa para preencher o vazio, comprar para passar fome mais tarde, ou pior, endividar o futuro.
As pessoas ganham tão mal que não conseguem comprar o básico o necessário, outros estouram o que ganham em telefones, tvs, e depois recorrem as ajudas das acções de solidariedade para comer e vestir. Lamentável e deprimente.
Este ano o slogan é de Natal é: companhia, é estar presente, ser o presente de Natal.
De uma certa forma esse sempre foi o objectivo mas com o acesso a créditos, a viagens baratas, ao consumismo desenfreado as pessoas foram se distanciando e afastando do que é importante.
Passar o Natal era sinónimo de viver a vida noutro sitio, viver o momento, viver com a companhia do momento. Depois tudo se desfez como castelos de cartas, a companhia do momento foi-se e depois já apetece voltar.
E agora que não há dinheiro até faz sentido estar presente, pena é que outros já não possam estar presentes. Já é tarde para esses que eram importantes.
Eu continuo a fazer o Natal, porque acredito que um dia vou conseguir.