segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Alegria vs tristeza

Esta vida não é feita só de Alegria e tristezas, mas neste momento tem havido mais momentos tristes do que alegres na minha vida. por isso o blog vai entrar numa fase de hibernação e quando eu puder eu volto para partilhar convosco tudo o que for possível de partilhar. Por agora é um até já.

sábado, 6 de janeiro de 2018

Um ano inteiro que serão dias e meses para sempre

O ano começou à pouco e ainda tem muito para andar, eu sei. Todos os dias serão dias para pensar naqueles que partem e nós doem cá dentro a saudade que deixam pelo vazio da sua presença.
Mas existe também tudo de bom que podemos recordar. 
Fazes falta e farás sempre.
 
A tua vida contada.
Janeiro, nasceste a 19 Janeiro de 1943, sabe-se lá se foste planeado ou se aconteceste na vida. Sim as vezes Deus planeia por nós e a vida resolve-se, nasce-se e morre num ápice. (Sim, a vida é uma explosão nuclear dentro de um corpo que se fecha para criar vida e sim tu sabes que basta uma molécula...) E nasceste. 
Aos quatro anos foste viver com o teu avô, pelo que contavas era uma pessoa sábia, sabida, que te soube educar mesmo que rudemente. Nunca te bateu, mas que te ensinou que para dar educação não é preciso bater. E tu nunca nos batestes.
Depois eras um miúdo atinado e obediente com alguma traquinagem própria da infância mas que o teu avô nunca reprimiu - soube deixar-te ser miúdo.
Cresces-te e tornaste-te um rapazão bonito - não o digo por ser tua filha e por dizerem que era parecida contigo, pelas fotos vê-se eras giraço, um garotão.
Escolheste a minha mãe para ser a mulher da tua vida, sim tu escolheste-a, ela andava com outro mas acabou por deixa-lo e tu, tu nem lhe deste hipótese namoraste três meses pessoalmente depois de a namorares à distancia quase um ano; e depois pediste a sua mão ao meu avô e pai dela. E depois de casar foste para o ultramar para Angola. Podias ter morrido naquelas matas e picadas no meio do capim, três anos que por lá andaste e como dizias que tinham sido enviados naquela comissão para ficar lá no meio do mato, vendidos. Mas Deus não quis, essa não era a tua história. Tinhas de vir, para os braços da tua amada e viver o vosso amor, conquistá-la de verdade, e para seres Pai.
Antes disso tivestes os traumas da guerra, tiveste-os mas sabes conseguiste resolver bem isso dentro de ti, pelo menos escondeste tudo muito bem. Nunca te ouvi nenhuma história de pavor, de horror. Eras artilheiro e disseste sempre que se tinhas morto alguém nunca o viste tombar na tua frente. Nunca me disseste: "Na guerra matei um homem, ou matei pretos ou assim ou e tal". Nunca te ouvi dizer tal coisa.
E foste Pai. Em 1969 foste Pai de um menino (o meu irmão). A tua jornada continuou, fizestes muitas coisas nesses tempos e nesses dias. Viveste.
E foste Pai novamente de mim em 1973. O vosso mundo estava prestes a mudar. Tivestes perdas, a minha avó materna que te acolheu na sua família e foi como uma mãe para ti, e a tua própria mãe, ambas faleceram com quase oito dias de diferença. Ambas ainda novas na casa dos 60. Eu custei duas vidas, duas personalidades bem diferentes das quais herdei muitos pormenores além das parecenças físicas.
E fui por ti muito amada, sempre senti isso. As vezes não o senti da minha própria mãe mas de ti senti sempre esse amor.
Depois já eramos uma familia, e fomos e somos. 
Cresceste como homem, criaste o teu caminho e nós fomos sempre acompanhando, momentos bons, momentos menos bons, todos, contigo.
O teu filho cresceu e foi para a tropa, conheceu uma rapariga e como tu quis ter a sua família. Levaste-o ao altar, acompanhaste-o nesse momento. Anos mais tarde, nasceu a tua neta. Era uma boneca, tão linda - ainda o é, não tem a quem sair feia. E fizeste o que sabias fazer melhor - mimaste-a e amaste-a o mais que podias. E acompanhaste o seu crescimento mesmo debaixo da tua asa. 
Depois eu troquei-te as voltas. 
2002 Namorava e engravidei sem planear, aconteceu. Discutimos, dissemos coisas fortes um ao outro, estávamos a passar mais uns momentos difíceis nas nossas vidas. Ficaste um bocado chateado e desiludido comigo, mas levaste-me ao altar mesmo gravida - apesar de não se notar nada de 5 meses de gravidez e casei. Tínhamos saído da casa onde vivemos muitos anos e onde nascemos eu e o meu irmão e isso também nos custou muito. 
No mês de Novembro nasce o teu amor mais profundo, amor como eu nunca vi igual, o meu filho. Fizeste tudo, mas mesmo tudo o que havia para fazer por ele. Dedicaste-te a ele totalmente, mas ele também te ama. Quando chegavas à porta de minha casa, tinha ele dias, estivesse ele a dormir, acordava como se tivesse um radar que lhe dissesse: "O avô chegou". Ficaste rendido e conseguiste ultrapassar a desilusão. 
2015 Desiludiste-te mais uma vez, a tua neta decidiu avançar com a sua vida e veio passar o natal gravida para te contar. Ficaste triste mas tudo tem um propósito na vida.
2016 Descobriste que estavas doente, muito doente. Mas também descobriste a outra alegria com o nascimento mais uma vez em Novembro da tua linda bisneta. Estavas tu internado, mostramos-te pelo telemóvel tudo o que se passava com elas a tua neta e bisneta.
2017 Foi um ano de altos e baixos. Vieste para casa a tempo de celebrar o teu ultimo aniversario. Melhoraste e fomos todos a de viagem ao casamento da tua neta e conheceste a tua bisneta que pegaste no colo e que deste o teu carinho. Com sacrifício mas estiveste lá, pudeste assistir ao momento de maior alegria das suas vidas no casamento da tua neta. Durante o Verão pensávamos que estava tudo controlado para em Novembro se descontrolar de vez. O teu neto fez 15 anos e tu estavas cá. Resististe o mais que pudeste contra esta nova investida, acompanhei o teu sofrimento, pedimos a todos o mais que pudemos para te dar um fim digno e não o deram e tu partiste dia 1 de Dezembro. Partiste mas a tua historia ainda não terminou porque nós estamos cá, eu ainda estou aqui para fazer um bocadinho de justiça. De modos que para dizer que estou triste sim com a tua ausência, e por outros motivos mas ainda não disse fim à tua historia. 
Tiveste a tua vida, o privilegio de viver 74 anos, de ir a uma guerra e voltar, de casares com a mulher da tua vida e viver 53 anos de vida matrimonial a maior parte dela feliz, de teres os teus dois filhos perto de ti sempre, de nos amares e seres amado por nós. De teres tido netos e ainda conheceres a tua linda bisneta. Viveste. Deverias ter podido viver um bocadinho mais, mas Ele é que manda. Farias este mês 75, trinta anos nos separa, são três décadas, eu farei 45 em Março, já sem ti. Mas nunca te poderei esquecer meu Pai, meu papi do meu coração. 
Não posso pensar no sitio onde tu estás porque é doloroso demais por isso vivo num limbo que me diz que não estás ali. Por agora é melhor assim.
Isto ainda não acabou. Até já. 😭 💔

Desculpem o desabafo mas tenho de expressar o que sinto.

sexta-feira, 5 de janeiro de 2018

Vivam os Reis


Eis que do oriente eles vieram, acreditaram e vieram para adorar o menino. E trouxeram prendas.

Imagem relacionada

terça-feira, 26 de dezembro de 2017

Coisas tristes este Natal

Este Natal foi triste, mais triste do que os outros Natais e eu já passei por Natais tristes.

Mas uma das coisas mais tristes foi tentar pensar no Natal e ver que hoje esse sentimento morreu, (não morreu contigo) pois já vinha a morrer já há uns anos, algumas pessoas esforçam-se demais para isso e tanto, que este ano o Natal acabou.
E triste foi perceber que o verdadeiro Natal existe mas que tais pessoas não conseguem compreende-lo porque não sabem o que é o Natal e por isso estragam tudo a quem ainda aspira viver o Natal.
Também é triste ver no rosto das pessoas com quem me cruzo no dia a dia a tristeza e amargura numa época que se quer de solidariedade e alegria e saber que tal coisa é tão rara.
 
Mas a coisa mais triste deste Natal, foi por o teu lugar na mesa e perceber que tu não estavas.

Por isso não me peçam para estar feliz, porque não estou.
Não me peçam para sorrir, pois não posso.
Não me peçam para fingir, porque não sou capaz.
 
Tomamos tudo na vida por garantido e nada o é, só quando perdemos o que nos mais faz falta é  sentimos a verdadeira dor.

Estou triste, muito triste, fazes-me falta. ❤  Miss you
❤❤❤

quinta-feira, 21 de dezembro de 2017

segunda-feira, 18 de dezembro de 2017

Pobreza extrema que vai em Portugal

- "Eu tenho fome."- disse a Sra. X
- "Eu passo bem sem comer, dois, três até cinco dias." - dizia o Sr. Y.
- "Eu não posso passar sem comer, parece-me impossível você dizer isso...."- disse a Sra. X.
 
Não fiquei para ouvir o resto da conversa mas eram duas pessoas de meia idade talvez na casa dos 50. Foi na feira, hoje, olhei para os dois não me pareciam mendigos mas tinham o ar de pobreza de quem passa fome. Num tempo em que tanta gente vai a jantares de natal de empresas, e particulares e em que se desperdiça tanta comida, ouvir isto assim deixa qualquer um revoltado. De facto o mundo está mesmo podre. 

quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Ainda não estou em mim

Hoje é o sétimo dia sem ti, paizinho. E sim  ainda não estou em mim de verdade. Hoje tive de ir ao cemitério, alguém tinha de ir; fui lavar a pedra mas esforcei-me para não pensar que estás aí. A mãezinha levou a tua foto porque ainda não tens aquela coisa - lapide - feita, mas nem olhei para ela. Limpei tudo como fazia quando era miúda e ia arranjar o jazigo enfeitar a campa dos avós. Coloquei o arranjo que a mãezinha encomendou, ficou bonito mas tu sabes o que eu penso sobre isso das flores, sabes que isso não é o mais  importante para mim. 
Faz hoje oito dias que tu estavas em choque e eu estava em choque por saber que estavas assim. Quando saí do trabalho ia em estado de gelo, de medo e sem pinga de sangue tal como tu. pelo caminho apanhei um acidente pareceu-me uma eternidade o caminho até ao IPO. Mas se calhar se tivesse chegado mais cedo se calhar tinha visto mais do teu sofrimento e talvez não aguentasse tal era o meu estado de dor e de raiva.  E talvez me chateasse mais com as pessoas que encontrei. E ainda vou ter de lá ir mais umas vezes pois vou apresentar queixa sobre a forma como foste indignamente tratado. Ainda me voltei a cruzar com aquele idiota que me insultou nas tuas ultimas horas e que pensa que me vou esquecer de o reportar a sociedade dos médicos por comportamento indigno. Que tipo de pessoa ou pior ainda que tipo de médico é ele que ao ver as ultimas horas de vida de um pessoa não se digna a confortar um parente que vê o sofrimento do seu ente querido mas em vez disso o insulta e manda sair. Sim espero cruzar-me com ele quando tiver um processo por ter sido tão estúpido e que nunca possa fazer isso a mais ninguém. Sim ainda ardo de ódio cá dentro, dói porque penso se poderia ter evitado tudo isto se tivesse seguido o caminho que estava destinado, mas não podemos voltar atrás. Lamento que para o outros nós não valemos nada. Ainda não estou em mim verdadeiramente, para mim é como se tudo isto fosse um sonho e nesse sonho tu só estás no hospital e que estamos à espera que voltes para casa.

terça-feira, 5 de dezembro de 2017

Sobre o meu Pai 💔


Quando eu nasci o meu Pai tinha 30 anos. Já tinha sobrevivido à guerra colonial em Angola onde passou 3 anos em confronto e de onde veio sem sequelas físicas mas muitas sequelas psicológicas que foi superando. 
A vida do meu Pai tal como a de muitos não foi uma vida fácil, mas ele fazia-a parecer fácil. Apesar de pobres e remediados fomos vivendo com os sacrifícios que ele e a minha Mãe fizeram para me criar a mim e ao meu irmão. Meu Pai trabalhou numa fabrica de papel, foi metalúrgico onde aprendeu a lidar com o ferro, um pouco da arte que mais tarde abraçou até ao fim da sua vida laboral - serralheiro. Vida essa da qual me orgulho porque foi com pulso, criatividade e muita paciência. Fez muitos trabalhos sem na verdade ter tido um mestre, foi criando à medida que foi aprendendo por si mesmo, nisso somos parecidos somos criativos, intuitivos e perseverantes. 

O meu Pai partiu esta sexta feira dia 1 de Dezembro ás quatro da manhã após um mês de muito sofrimento e ultimo dia de agonia atroz, já não estava consciente mas em choque. Ainda se agarrava ás nossas mãos com toda a força que tinha e nem me pude despedir dele como devia por causa das pessoas que estavam lá no serviço porque o meu pai estava internado no IPO na ala da Onco-hematologia. Sofreu o que o diabo amassou e lá o diabo amassou e ele sofreu, de fome, de sede e de maus tratos, coisa que eu nunca pensei da instituição que é o IPO. 
 



O meu Pai era um homem de uma força interior muito grande, quando descobriu que tinha a Leucemia Mieloide Aguda Cronica não baixou os braços e por isso temos memórias de um ano de meu Pai com Leucemia, um ano em que ainda celebrou os seus 74 anos em casa, ainda foi ao casamento da minha sobrinha e sua neta em França, ainda conheceu a sua primeira bisneta Zoé, foi de passeio sempre que pode sempre na companhia da minha Mãe, um ano em que foram ambos uns lutadores, mas agora acabou. ❤ Partiste.
Confesso que ainda não estou em mim, parece tudo mentira.

quinta-feira, 30 de novembro de 2017

Viver no limbo # Acontece aos outros e a Nós.



Viver no limbo é viver na inconstância, doí e não é viver.



Perder alguém é algo extremamente doloroso.
Se é uma perda abrupta dói como se alma nos tivesse sido arrancada e fica para sempre o sentimento de vazio.
Mas quando se sabe que alguém vai partir, é doloroso, tortuoso, pois contam-se as horas os minutos que se vive junto. Acompanha-se a pessoa na ânsia de um erro no veredicto, sorve-se tudo com um sentimento de dor, perda, conquista e mais dor.
Estar preparado, informada da perda não mitiga a dor, pelo contrário inflama a resistência de aguentar mais um bocadinho, aguentar firme, ninguém consegue ter a resistência total. O pensamento encontra forma de se resignar pois nada mais há a fazer mas a alma, o coração arde e luta com todas as forças resistindo ao máximo das suas forças levando quem espera à exaustão.
E como estamos exaustos.
As lágrimas ora sufocadas, ora caem em cascata, ora rasam os olhos. Significam a dor de sentir a perda a dificuldade em aceitar a forma da partida, significam as lembranças dos momentos vividos e dos que ficam por viver, essas lágrimas significam a nossa impotência.
Anuímos, conformamos a nossa alma mas quando chegar o momento a dor virá na mesma, e sempre que a memória nos lembrar, pois quando se ama e se perde nunca se esquece verdadeiramente.

O meu Pai descobriu que tinha Leucemia Mielóide Aguda Cronica ano passado a 26 de Outubro, passamos um mau bocado, andamos a viver em suspenso desde então e estava estável. Agora desde dia 07 de Novembro o mundo colapsou quando ele ficou com o Sistema Nervoso Central literalmente invadido
Debilitado como estava isto foi o pior que podia acontecer. É algo raro, muito raro mas aconteceu. E o mundo está cada vez mais triste para nós porque ele tem estado a viver no limbo, umas vezes do lado de cá, outras vezes aprisionado do lado de lá. E custa tanto vê-lo assim. Não sabemos o nome da doença que o está afectar porque os médicos também não sabem, e na verdade as vezes não interessa saber o nome do que nos magoa, mas também não saber fica a duvida do que poderia ser feito para poupá-lo. Meu Pai, ninguém merece ter um fim assim. Ele tem lutado como sempre lutou para tudo e ainda não está derrotado, é já vencedor.
Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...